Clínica Maestri

Periodontia

A Doença Periodontal é uma doença inflamatória crônica, de origem infecciosa, que acomete os tecidos de suporte dos dentes, podendo resultar na alteração da anatomia óssea normal e na perda do elemento dentário.

A Gengivite é a forma inicial da doença, apresentando como sinais clínicos a vermelhidão, o edema e o sangramento. Quando não tratada adequadamente, poderá evoluir para uma Periodontite, forma irreversível da doença.

Fatores de risco: fumo, diabetes, alterações hormonais, genética, resposta imune e fatores psicossociais parecem influenciar nessa variabilidade da resposta às bactérias patogênicas da Doença Periodontal.

Periodontia médica

Atualmente, a literatura científica vem demonstrando uma importante associação entre a Doença Periodontal e diversas doenças sistêmicas. Entre elas podemos apontar:

Doença Cardiovascular (DCV) e Doença Periodontal (DP)
A recente literatura tem relacionado a DP com a DCV originada pelo processo Aterosclerótico. Os pacientes periodontais apresentam elevados níveis de marcadores inflamatórios, correlação com aterosclerose pré-clínica e correlação direta com o processo aterosclerótico instalado, indicando possível associação entre as duas doenças.

Estudos têm demonstrado que os níveis de citocinas pró-inflamatórias, IL-6, IL-1(beta), TNF-alfa, estão elevados em pacientes periodontais, além da Proteína C-Reativa (PCR), que é considerada um fator de risco para a Doença Cardiovascular (DCV). Há uma tendência à diminuição de marcadores inflamatórios da aterosclerose após o tratamento periodontal bem-sucedido.

Doença Renal Crônica (DRC) e Doença Periodontal (DP)
Apesar de a insuficiência renal ser o desfecho mais previsível da DRC, as mais altas taxas de morbidade e mortalidade estão associadas a complicações ateroscleróticas, incluindo o infarto do miocárdio. O desafio inflamatório sistêmico parece ser intensificado pela presença de periodontite no paciente com DRC, por meio da elevação dos níveis de Proteína C-Reativa (PCR), aumentando assim o risco de desenvolvimento de aterosclerose e complicações cardiovasculares.

Doença Pulmonar e Doença Periodontal (DP)
A DP, por meio da ativação de mediadores inflamatórios, pode influenciar na degradação de placas ateroscleróticas na Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, resultando num possível infarto pulmonar. A função hiperativa de neutrófilos, relacionada à DP, pode possivelmente influenciar no mecanismo de destruição pulmonar.

Diabetes Mellitus (DM) e Doença Periodontal (DP)
A DM e a DP apresentam uma relação bidirecional, promovendo um ciclo, no qual uma doença exacerba a outra. A DM, como fator de risco para o desenvolvimento da DP, já está bem estabelecida dentro da comunidade científica. O que se tem evidenciado nos últimos anos é a influência da DP, e do seu tratamento, na Diabetes Mellitus e no controle metabólico de pacientes diabéticos.

Portanto, o periodontista tem um papel fundamental no tratamento da saúde geral do paciente diabético, juntamente com seu médico responsável, a fim de contribuírem para o controle da doença e do seu bem-estar.

A Doença Periodontal e a Mulher
As mulheres podem ser mais susceptíveis a desenvolver a DP nas fases que apresentam flutuações hormonais durante toda a vida. Dentre elas podemos destacar: puberdade, ciclo menstrual, gravidez, menopausa e pós-menopausa.

Osteoporose e Doença Periodontal (DP)
A osteoporose é uma doença silenciosa caracterizada pela perda da densidade mineral óssea prevalente em mulheres após a menopausa. Resulta da deficiência estrogênica, como fator de risco para o desenvolvimento da Doença Periodontal (DP).

O estrógeno, por sua vez, possui um efeito anti-inflamatório e inibidor da produção de citocinas pró-inflamatórias e reabsortivas.

Portanto, a possível relação entre as doenças pode ser explicada em razão da presença elevada de marcadores inflamatórios detectados em mulheres com osteoporose e periodontite. Apesar dos benefícios da terapia hormonal na inibição da perda de densidade óssea e na redução do risco de fratura, alguns trabalhos têm alertado para os possíveis efeitos adversos dessas medicações, como o uso dos bifosfonatos na ocorrência de osteonecrose dos maxilares.

Doença Periodontal (DP) e Intercorrências Gestacionais
A maior parte dos estudos que avaliaram a DP como fator de risco para Parto Pré-Termo (PPT) ou Prematuro e/ou Baixo Peso ao Nascimento (BPN) apontou a DP como um fator de risco importante para desfechos gestacionais adversos, com taxas de risco variadas.

A resposta inflamatória materna mostrou ser um importante mecanismo efetor do (PPT) e a DP representou um desafio infeccioso suficiente para resultar em prematuridade.

Apesar de muitas etiologias serem propostas para a Pré-Eclâmpsia (PEC), as alterações hipertensivas específicas da gravidez, decorrentes desse processo, apresentam muitos fatores de risco em comum com a aterosclerose. Sendo assim, a DP também foi apontada em alguns estudos como importante fator de risco para a Pré-Eclâmpsia.

Tratamentos

Terapia Mecânica Convencional
Consiste nos procedimentos de raspagem e alisamento radicular para a remoção de biofilme dental bacteriano, endotoxinas, cálculo e outros fatores locais que predispõem a sua retenção. Por intermédio de instrumentos ultrassônicos ou manuais, as superfícies das raízes dos dentes ficam limpas e descontaminadas, possibilitando a formação de tecidos novamente saudáveis.

O objetivo desta fase é eliminar e controlar a infecção periodontal, motivando o paciente a realizar uma meticulosa higiene bucal com o uso de escovas e do fio dental, associados a um enxaguatório específico. Estas manobras serão fundamentais no controle do biofilme dental bacteriano juntamente com as consultas de manutenção periódica a cada 3/4 meses.

Terapia Cirúrgica
Em certos casos, em razão da severidade e da extensão da doença, somente a terapia inicial não consegue restabelecer as condições de saúde periodontal. Nesses casos, cirurgias são indicadas a fim de se erradicar totalmente a doença, com a consequente regeneração dos tecidos periodontais.

Cirurgia Regenerativa
Atualmente, vários biomateriais, fatores de crescimento e novas técnicas cirúrgicas estão sendo desenvolvidos, sendo capazes de conduzir o crescimento tecidual e também regenerar a inserção periodontal original do dente envolvido.